Vivemos num mundo de hiperconexão, ou como chamado pelos norte americanos: iDisorder. Em meio a tecnologias, tais como, Bluetooth, RFID, QRCODE, Wi-Fi, dentre muitas outras, cada vez mais se consolida a Internet das Coisas, e como subproduto deste avanço, (re)vivenciamos a coisificação do homem. Esse dilema não é nada novo, lá atrás K. Marx já havia levantado essa questão, a diferença porém veio pelo instrumento de alienação do indivíduo, antes o vilão de todos os males era o “Capitalismo”, hoje essa crítica derreteu (há controvérsias, eu sei), abrindo espaço a outros debates, dentre estes, a Internet como sendo um falso meio de libertação do homem, pois na mesma medida que esclarece aliena.
O ritmo de vida nas grandes cidades há tempos é sinônimo de stress, caos e agitação. Por outro lado, as pequenas cidades e comunidades, através da Internet e das novas tecnologias, juntaram-se a esse macro organismo, tão intangível quanto presente e factível, a cibercultura e seus suportes às conveniências da vida pós-moderna. Uma pangéia às avessas é instaurada.
O que nos é apresentado como um axioma, uma verdade plana, a tal da liberdade que temos ao usar um smartphone, por exemplo, é na verdade uma estratégia tão eficaz quanto o breadcrumb da fábula de João e Maria. E aqui, em sentido figurado, falo sim da bruxa em busca de engordar os pobres campesinos, enclausurados por terem cometido o pecado da gula. E sob a ótica do pecado, porque não afirmar que o iDisorder é não somente a árvore, mas também o fruto da avareza humana? Assim como o avarento prefere os bens materiais ao convívio com Deus, o ser humano hiperconectado, prefere a interação binária ao invés da experiência empírica que nos faz experimentar um dos sentidos mais surpreendes do bicho homem, o tato.
Sejamos conscientes, não basta construirmos pontes, redes sociais e tecnologias interativas, precisamos lembrar que o bicho homem é, antes de tudo, um subproduto de um mundo físico e finito, do qual muito carece de atenção, cuidado e conexão, não no sentido estrito, mas voltamos aqui a origem etimológica, connexionis, também podendo representar a simbiose entre homem e mundo. Um mundo conectado por um viés inato, a necessidade de ver, tocar, ser visto e ser tocado.